PSD Contagem perde o “timing” e o ex-deputado Ricardo Faria (MDB) passa na frente para ser o vice de Marília Campos (PT)

Minas Gerais 20.09.20 21:50

O Partido Social Democrático (PSD) é sabidamente uma legenda com histórico problemático na cidade de Contagem. A retomada dos acontecimentos conduz ao penúltimo mais grave desentendimento entre duas lideranças que disputaram o comando da legenda na cidade: Agostinho Silveira e Raimundo Luiz Fernandes, o “Raimundinho Transrefer”. A desavença teve início quando o deputado Diego Andrade destituiu Agostinho Silveira do comando do PSD em Contagem, entregando a presidência para Raimundo e sua turma.

Raimundo assumiu o controle do partido após o deputado Diego articular a concessão de uma carta sindical para o SETCOM – Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Centro Oeste Mineiro, com sede no bairro Inconfidentes, em Contagem. Desde então, o PSD viveu uma constante de desacertos e derrotas: Diego Andrade decresceu sua votação na cidade (que caiu de 4.614 votos em 2014 para 896 votos em 2018) e o PSD tem se aventurado em candidaturas que não emplacam.

Primeiro fracasso

O primeiro fracasso foi a tentativa de lançar o Professor Irineu como prefeito de Contagem em 2016. Após uma inversão dos nomes da chapa, tirando Irineu da condição de candidato a prefeito e colocando-o como vice de Rodinei Ferreira Dias, o plano traçado falhou. Irineu não aceitou a condição de vice de Rodinei e abandou o projeto coordenado por Raimundinho Transrefer, preferindo apoiar Ademir Lucas nas eleições municipais daquele ano.

Nesse cenário, Rodinei foi lançado a prefeito pelo PSD em uma chapa tendo Kátia Bordoni como vice e, apesar da votação insatisfatória que teve, utilizou seu pequeno capital político para barganhar um cargo no governo Alex de Freitas, onde ocupou a cadeira de secretário de Direitos Humanos e Cidadania. Kátia Bordoni foi agraciada com o cargo de administradora da regional Vargem das Flores. Não sobrou espaço para mais ninguém.

Segundo fracasso

O segundo fracasso foi a tentativa de lançar o Repórter e ex-vereador de Belo Horizonte, Rafael Martins (PSD), como candidato a prefeito de Contagem, pela via de uma construção em parceria com o senador Carlos Viana (PSD). O jovem político Rafael e sua equipe foram facilmente engolidos pela ex-prefeita Marília Campos (PT) e regurgitados pelo próprio PSD.

Começaram a organizar uma chapa de vereadores e foram os primeiros a lançar uma pré-convenção na Câmara Municipal de Contagem, em 10 de março do corrente ano; um evento precipitado em relação às demais legendas da cidade e que ficou apagado no meio político local, apesar da presença do senador Carlos Viana que prestigiou o evento.

O esforço da equipe do deputado estadual, Repórter Rafael, não foi suficiente para emplacar o evento nem mesmo para atrair novas lideranças para o processo recém-criado. Além disso, nos bastidores, simultaneamente à construção de Rafael, a ex-prefeita Marília Campos (PT) fritava o inábil repórter.

Foto da pré-convenção do PSD Contagem, datada de 10/03/2020, obtida do Instagram do próprio Repórter Rafael Martins, sem identificação do fotógrafo

Após patinar na tentativa de construção da chapa dos pré-candidatos a vereador, norteado em grande medida pelos direcionamentos de Raimundo e sua turma, o Repórter, em ato de desespero, fez circular pela cidade um panfleto com aspecto intencionalmente amador, por meio do qual tentava criar um fato político em torno de seu próprio nome e de suas supostas qualidades para administrar Contagem. Não colou.

Panfleto que circulou em alguns locais da cidade de Contagem tenta criar fato político em torno da candidatura de Rafael Martins (crédito da foto: Redação/Jornal Viva Voz)

Em razão de sua inabilidade para conduzir o processo, Martins e seu chefe de gabinete foram destituídos da presidência do PSD Contagem por Alexandre Silveira (PSD), ficando para os dois primeiros apenas um pouco de mágoa e a vaidade arranhada. Para o PSD Contagem e para a política da cidade como um todo, o Repórter Rafael Martins deixará o legado ruim de uma construção inacabada.

Chegou como “Alberto Roberto” e sairá como “Tonho da Lua”

Como os artistas levam a vaidade muito a sério, o repórter Rafael ainda tentou, na última sexta-feira (18), uma reunião com cerca de quinze pré-candidatos que seriam seus preferidos, o que aumentou a tensão na chapa de vereadores diante da exclusão dos demais nomes do partido do evento. Caberá, ao final de tudo, a Alexandre Silveira (PSD), novo presidente da sigla, a unificação da chapa de vereadores, a criação de uma identidade para o grupo e a reconstrução do partido na cidade.

Os atropelos deixaram marcas

Diante dos atrasos e retrocessos gerados ao longo do processo, o PSD Contagem não mais poderá indicar o vice-prefeito na chapa de Marília Campos (PT), como aventado pelo Jornal Viva Voz. O vice-prefeito definido é o ex-deputado Ricardo Faria (MDB) que conseguiu a vaga por meio de uma articulação de Newton Cardoso Júnior (MDB), seu padrinho político no MDB, e de Adalclever Lopes (MDB), cotado para ser seu coordenador de campanha em eventual candidatura própria.

Assim, o Partido dos Trabalhadores (PT), em Contagem, contará com uma chapa majoritária nos mesmos moldes das eleições presidenciais de 2010 e de 2014, quando PT e MDB coligaram para eleger Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB). Os fatos recentes provam que o PT, em matéria eleitoral, não é de guardar mágoas.

Por Redação Jornal Viva Voz

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