Maioria do prefeito Alex de Freitas na Câmara de Contagem começa a se desintegrar
A proximidade das eleições municipais tem feito alguns vereadores reavaliarem sua postura considerada subserviente ao executivo. Os parlamentares temem que seus projetos individuais sejam prejudicados pela ambição e egoísmo do mandatário situado no Palácio do Registro. Historicamente a Câmara Municipal de Contagem é conhecida por ratificar os projetos de lei enviados por Alex de Freitas (sem partido), mas observadores políticos da cidade acreditam que essa prática seja alterada momentaneamente no segundo semestre de 2020.
Nos bastidores da Câmara Municipal de Contagem, discute-se que Alex de Freitas não dará qualquer apoio aos parlamentares que construíram sua base ao longo dos últimos três anos. Comenta-se que o prefeito só pensa em dar início às inúmeras obras financiadas com recursos de empréstimos contratados junto a instituições nacionais e estrangeiras. A prioridade é ao menos dar início aos projetos para colocar as mãos nas primeiras parcelas dos repasses. Alex não quer deixar esse benefício ao seu sucessor, mesmo sabendo que transformará o município em um canteiro de obras inacabadas.
O fator de ressentimento entre os vereadores tem origem na percepção de que foram abandonados à própria sorte no momento das articulações políticas pré-eleitorais. Isso porque, apesar de terem assumido para si considerável parcela do desgaste popular por cumprir as orientações do executivo em questões polêmicas e de elevado apelo – como a rejeição do retorno da isenção do IPTU residencial; a aprovação da lei de uso e ocupação do solo, com diminutas proteções à área de preservação da Várzea das Flores; e a aprovação de empréstimos, para intervenções baseadas em concepções obsoletas de mobilidade –, o prefeito não prestou qualquer auxílio na montagem das chapas. Um observador ouvido pela equipe do Jornal Viva Voz afirmou que os parlamentares começam a ver no prefeito a mesma figura do traidor que já era atribuída a ele pela ampla maioria da população.
Este seria o caso dos vereadores Capitão Fontes (Podemos) e Glória da Aposentaria (PSDB) que foram relegados à própria sorte e terminaram filiados a partidos que dificilmente atingirão o número de votos para fazer uma cadeira pelo quociente eleitoral. Glória da Aposentadoria foi retirada do Republicanos e implantada no PSDB; Capitão Fontes foi retirado do MDB, onde a prioridade é reeleger o líder do governo, Teteco, e teve que procurar amparo no Podemos, do pré-candidato Ademir Lucas.
Comenta-se que Glória amealhou novatos ou candidatos de pouca expressão política mediante a promessa de apoiar-lhes com recursos financeiros durante a campanha, mas já há rumores de insatisfações. O Podemos arregimentou os integrantes da chapa no último dia para filiação, valendo-se do recém-chegado garoto propaganda, o pré-candidato a prefeito Ademir Lucas, que pedia, em vídeo, que pré-candidatos a vereador interessados em acompanha-lo fossem ao Hotel Manferrari para a filiação de última hora.
O esgarçamento da relação servil entre executivo e legislativo começou a se manifestar com o envio, pelo prefeito Alex de Freitas, do projeto de sequestro de 10% dos salários dos servidores ativos e inativos do município. Em outros tempos, mesmo inconstitucional, o projeto receberia manifestação favorável da Procuradoria da Câmara e seria aprovado pelo plenário. Dessa vez, no entanto, para não ser rejeitado, o prefeito foi constrangido a retirá-lo e o interesse dos servidores e o apelo à legalidade prevaleceu.
Mais um capítulo do empasse de desgaste político é o Projeto de Lei Complementar (PLC) n.º 7, que institui o “Regime de Previdência Complementar no Município e dá outras providências”. Segundo a Assessoria de Comunicação do executivo, o prefeito apresentou à Câmara dos Vereadores o referido projeto para adequar a legislação previdenciária municipal às exigências da Emenda Constitucional (EC) n.º 103, de 12 de novembro de 2019. O prazo final para que o município cumpra a medida constitucional seria 31 de julho deste ano, ficando sujeito a supostas penalizações em caso de descumprimento, como a perda de repasses federais.
No entanto, a vizindade do período eleitoral e o desgaste do prefeito Alex de Freitas com a Câmara têm feito alguns parlamentares repensarem sua posição de base de apoio do prefeito. O vereador Capitão Fontes, na última sessão plenária do dia 23/06, declarou-se antecipadamente contra o projeto, se dizendo, a partir de agora, um defensor dos direitos dos servidores. Em outro momento, o vereador tentaria uma posição mediana, com o único propósito de ver a tese da oposição suplantada na sessão plenária seguinte.
Mesmo o vereador Alex Chiodi (Solidariedade), que desde o início do mandato se posicionou no campo da oposição, mas que não tinha o costume de gravar vídeos para criticar abertamente a gestão de Alex de Freitas, decidiu partir para o ataque. Divulgou em suas redes sociais um vídeo apontando rachaduras que poderiam comprometer a estrutura da recém-inaugurada UMEI Lúcio de Abreu.
Já se comenta que, se o projeto de iniciativa popular de retorno da isenção do IPTU residencial for apresentado ainda este ano, há grandes chances de ele ser aprovado pela maioria da Câmara Municipal de Contagem e que o prefeito contaria apenas com o apoio do presidente da Câmara, Daniel Carvalho (PL), de seu sogro e também vereador, Caxicó (Cidadania), e de outras figuras como Bruno Barreiro (PV), Teteco (MDB), Zé Antônio (PT) e Ivayr Soalheiro (PDT).
Por Redação Jornal Viva Voz